segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Grouse Grind

Andei, andei, andei
Até encontrar
Este amor tão bonito
Que me fez parar
Neste pedaço de chão
(...)
Lenda de animais e rios
Aves, flores, desafios
Este é o meu lugar
E no final do dia
O Sol faz companhia
(...)
Pra gente sonhar
Aqui não se vê tristeza
Em meio à natureza

Neuma Morais/ Neon Morais

Admito a ligeira cafonice ao começar um texto com trechos de uma música chamada Coração Sertanejo. Ainda mais em um blog que tem a proposta de escrever sobre o Canadá. Mas não poderia começar diferente depois que visitei a Grouse Mountain. Os versos selecionados da bem-sucedida música de Chitãozinho & Xororó retratam perfeitamente minha experiência naquela montanha.

Quem chega no pico da Grouse Mountain está em um dos pontos mais altos de Vancouver. Há duas maneiras para alcançar o topo: através da gôndola, que custa 35 dólares subida e descida ou 5 dólares só descida, e a pé por uma trilha chamada Grouse Grind. Escolhi a segunda opção, não apenas para economizar, como também para fazer uma atividade física, já que meu único esporte por aqui tem sido mastigar cheeseburgers. Ainda não consegui encontrar um lugar para jogar squash.

Com a temperatura batendo nos 32 graus, atípica em Setembro segundo minha hostfamily, estou lá com minhas duas garrafas de água iniciando a trilha debaixo de um Sol escaldante (não imaginava que escreveria estas duas últimas palavras no Canadá!). Havia uma combinação de madeiras e pedras servindo de degrau para a subida. O percurso não era difícil, porém havia uma distância excessivamente longa. Subia, subia, subia, e o fim não chegava nunca. Até que finalmente, quando minhas garrafas de água já estavam nas últimas gotas, enxerguei ao longe uma pequena placa azul. “Deve ser lá” deduzi. Ledo engano. Ela avisava que eu havia completado ¼ da trilha!!

“Meu Deus! Aonde eu fui parar?! Se o arrependimento matasse...’’ Estes são alguns dos pensamentos que me ocorreram na hora e que a censura do blog autorizou que eu os publicassem. Pior que isso só os esquilos chatos que a todo momento atravessavam meu caminho. O caso deles lembra muito o dos micos que habitualmente freqüentam a varanda do meu apartamento no Rio: bonitinhos no começo, irritantes para sempre. Nem tão conformado, continuei minha saga. Se bem que não havia outra escolha, a descida era proibida. O calor aumentava, o cansaço dobrava, o tamanho dos degraus triplicavam e a água acabava. Houve um momento em que apenas uma idéia vinha a minha mente: “Depois deste trabalho todo, tenho que ter uma recompensa digna lá em cima, senão ficarei revoltado”.

Depois de 1 hora e 45 minutos subindo, finalmente cheguei ao topo da Grouse Mountain. Não acreditei quando olhei no relógio, achava que havia passado a tarde inteira naquela trilha infernal. Aos que desprezarem o meu feito, devo lembrar que os verbos caminhar e subir são completamente diferentes. Comemorei minha chegada da mesma maneira de um típico vencedor de maratona. O mais engraçado é que, à medida que eu via outras pessoas completando o percurso, todos vibravam de forma idêntica. Era o cansaço misturado com o êxtase pelo dever cumprido.

Afinal, o que tinha no topo da Grouse Mountain? Você foi recompensado à altura? A vista era bonita? Havia outras atrações no local? Calma gente! Ainda não será desta vez que vocês ficarão sabendo. Mas a música do Chitãozinho & Xororó ajudará a vocês imaginarem o que encontrei lá em cima. No entanto, responderei com detalhes a todas estas perguntas no meu próximo post. Aguardem!

Um comentário:

Unknown disse...

se a música é que dá a dica do que vc encontrou lá em cima, posso dizer que foi um amor bonito, ou um peão boiadeiro , quer dizer,isto não pode estar no topo de uma montanha no Canadá.Pode ser também animais,rios,aves , flores e desafios !!???
Espero que tenha valido a pena.
Estou aguardando a revelação.
Bjss